segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Às escuras.

Vou confessar: que medo eu tenho de um dia ficar cego. Meu Deus, que horrível deve ser conviver com a escuridão, não é? Não poder ver o rosto das pessoas que se ama, não ver aquele sorriso, tão lindo, tão verdadeiro, nossa, ruim até de pensar. Por isso eu rezo, peço muito pra Deus - mantenha-me com uma visão limpa, Cara - é, o chamo de Cara. Acho que temos essa liberdade, quando contamos e confiamos em alguém, mas isso não é o foco, deixemos de lado. Voltando à visão, você não tem esse medo? Tava até falando com uma amiga, e ela disse assim "Ai, Roberto, também morro de medo de ficar cega, não ver mais tudo, roupas, filmes, novelas, as pessoas nas ruas, caramba, que barra...". Fiquei tão triste na hora, sério, principalmente por ser uma amiga tão querida. Mas disse "Eu tou falando de sorrisos verdadeiros, de rostos sinceros, de amor, menina, tou falando de amor, e também estou falando dessa cegueira sua". Ela ficou surpresa "MINHA CEGUEIRA? Mas eu não sou cega!". Ahh, é o que ela pensa, é o que a maioria das pessoas pensam. Mas eu fui em frente "Você está cega, é dessa cegueira que eu tenho medo, dessa que não deixa a pessoa ver o essencial."; Ela foi irônica: "Já ouviu falar que o essencial é invisível aos olhos?". Não me abalei "Já, e sei que só se vê bem com o coração. Tenho muita sorte de não ser meu coração o cego dessa história."

domingo, 22 de agosto de 2010

Nascer de novo.

É como se o tempo que eu levei pra saber tudo que sei provasse eu não saber nada. Por todo caminho que andei, por cada passo que dei, voltar ao início da estrada. E desfazendo cada defeito, desvendando um jeito, desenhando a saída, que é pra viagem ser só de ida, mas sem haver despedida. Te ter é como nascer de novo, não reconhecer nada ao redor. Desatar o nó, quebrar a casca do ovo, a dura carapaça da dor. Por tudo aquilo que já pequei e cada ato que errei, é como estar perdoada. E livre do que então carreguei, cada cilada que entrei, de cada porta fechada. Viver trilhando o caminho certo é olhar mais de perto o universo em mim, que é pra poder seguir adiante, não me sentir mais distante. Tenha paciência comigo, saiba que ainda estou em ver onde piso, é repentino e sem aviso, a terra perdida à pele, a paixão ardida... Te ter é como nascer de novo, celebra o que em mim é maior, minha nova instância: descobrir a cada instante cada nuance do que é o amor.




(Dani Black, por Bruna Caram)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A contragosto.

Aqui em Recife, Agosto é o mês do vento. Ah, queria eu que meus problemas fossem embora a cada rajada, viu? E como queria que esse mesmo vento abrisse a porta de saída, e assim, eu enxergasse meu futuro. Agosto. Dizem que é o mês do azar, não sei. A verdade é que não gosto muito dele. E conheço muita gente que também não gosta, mas temos que vivê-lo. Querendo ou não, agosto é mês de (re)começo. Talvez por isso as pessoas - assim como eu - não gostem tanto dele. Recomeçar é complicado. Requer muita paciência e tolerância, virtudes que nem sempre encontramos em excesso. Mas bem, agosto chegou, recomecemos! Se não com o amor que as coisas boas merecem, com a disposição que precisamos ter.