sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Colorir.

Intenso. Essa é a palavra com a qual eu defino esse ano de 2010. Um ano em que vivi amizades, amores, decepções, alegrias... Tudo com a maior intensidade que um ser humano pode viver. Meu ano começou vermelho! Vermelho de paixão, de amor. Meu janeiro foi um mar de rosas, uma viajem da qual não esquecerei. E um amor. Fevereiro chegou "fervendo", o carnaval sacudiu de verdade, até o meu namoro quis dançar, mas não dançou. Veio março, o meu mês, e eu completei duas décadas. Pesado, hein? rs. Nem sinal de desgaste. Abril, e o vermelho começou a desbotar... Maio. O fim. O fim? Maio foi cinzento, foi dolorido deveras. Mas eu fiquei firme. A casadinha das férias: Junho e Julho. Decidi que era hora de voltar a ativa. Agosto, e não é que o mês que muita gente não gosta, me deu algumas alegrias? Mas Setembro assumiu o papel de Agosto, Setembro foi frio, sombrio. Sem dúvidas, ele fez um pacto com Maio, "vamos acabar com esse garoto, ele sonha demais..."; E, mais uma vez, fiquei firme. Eu sei ser forte. Engano a dor. Outubro e Novembro foram tranquilos, tirando aquela correria de fim de semestre, mas sabe, eu tava com tanta saudade disso, que corri sorrindo. Dezembro... eu espero tanta paz desse mês, ah, eu casaria Março e Dezembro fácil, fácil. E aí, o ano acabou. E eu vi que, do vermelho ao cinza, muitas outras cores se misturam. Sentimentos e pessoas se completam, outras não. Sabe, em 2010 deu pra colorir legal os desenhos que fiz. E vai ficar tudo guardadinho. Pra que eu não esqueça de nada. Acho que vou interromper a postagem... tem alguém me chamando, peraê, deixa eu ver quem é... Ah, olha quem tá aparecendo... Chega mais, 2011! Seja responsável, viu? Você é o cartão de visita dessa nova década, espere só mais umas horinhas... 2010 já vai te passar o bastão.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma cena.

Ela tava doente, sabia disso e não disse nada pra ninguém. Quando eu soube, pensei que nunca a perdoaria por manter esse segredo. Mas percebi que nunca me perdoaria por não ter notado.


- Oi, amiga, que coisa, né... eu tava fazendo o tratamento direitinho...

- Não se esforça. Mas isso é coisa que se faça? Dar esse susto em todo mundo, tão todos aí fora pra te ver...

- Eu não quero ver ninguém, antes de falar com você. Você já sabe da novidade? A Ju tá namorando seu filho...

- Sei...

- Achei que você fosse ficar preocupada.

- Já marquei o analista pra ele, daqui há alguns meses, rs.

- A Ju não puxou a mãe.

- Puxou a amiga.

- Mercedes, se acontecer alguma coisa comigo, você vai cuidar da Ju e não vai abandonar o Carlos...

- Para com isso, que bobagem.

- Eu paro, mas só se você me prometer.

- Você tá falando bobagem, eu vou brigar com você...

- Promete, Mercedes...

- Como você é chata, rs. Prometo.

- E promete que você não vai chorar também.

- Quem tá chorando?

- Você. Não chora.

- Não vou chorar...

- Então pega minha bolsinha de maquiagem, tá ali, ó, em cima da mesa, me arruma um pouquinho? O Carlos Ernesto nunca me viu sem rímel, ele vai se assustar. O câncer é uma doença que deixa a gente nada apresentável.

- Você tá exagerando, viu, amiga. Sabe o que parece? Que você não dormiu direito, só isso...

- Eu tou muito feita, muito feia... Pega um batom clarinho, é mais apropriado pra ocasião. O cabelo eu acho melhor prender. Eu nem tive tempo de retocar a raíz... e o blush... é, esse, é o alaranjado, que tá acabando. A sombra é nova, as cores são lindas... Mercedes, você escolhe a cor que você quiser...

- Agora quieta, tá? Cê tem que descansar. Nossa, mas a sombra é linda mesmo. Chanel, né? rs. Coisa fina. Sabe o que eu tava pensando...

- Hum...

- Um dia desses... fecha os olhinhos, fecha, aproveita e descansa. Então, um dia desses a gente bem que podia fazer uma viagem daquelas, aquelas viagens que a gente fazia pra Búzios, lembra como a gente se divertia?

- hum rum...

- Só nos duas, hã? O Carlos Ernesto fica com a Ju, o Gustavo fica com os filhos, vai ser bom, vai ser muito bom. Outra coisa que eu tou precisando fazer com urgência é comprar roupa, nossa, sem você eu não sei fazer essas coisas, não... Essa sombra é linda mesmo. Abre os olhos, Mônica, eu vou esfumaçar embaixo...

(...)

- Abre os olhos, Mônica...


Era um câncer raro. Morrer rápido, pra mim, Lopes, é uma vitória. Atingir a meta oficial sem prorrogação. Falei tanto na Mônica aqui nesse consultório... mas eu falei no presente. Vai ser muito difícil falar dela no passado. Eu tou com tanta saudade... sabe do que eu sinto falta? Da amizade dela... a Mônica foi tão feliz, com quem ela quis, como ela quis... e me fez feliz. Então eu penso assim, onde quer que ela esteja, se ela tiver bem, em paz, eu não tenho alternativa. Eu tenho que ficar bem também. Não é assim?


(Divã - O Filme)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tempo, tempo, tempo, tempo.

Passamos tanto tempo reclamando que nada está dando certo, que, muitas vezes, quando as coisas ficam bem, sequer lembramos que no início tudo foi tempestade. O que as pessoas precisam - e eu também - aprender, é que tudo tem seu tempo. E por mais que a gente sofra, nada é por acaso. Nem o acaso. "Paciência, menino", sempre diz minha mãe, desde que eu me conheço por gente. E eu nunca quis aceitar, sempre fui muito apressado, o grande defeito da maioria das pessoas, acho. Até no amor, às vezes é preciso que as pessoas se afastem, pra que possam enxergar o que não é pra ser. Confesso, algumas vezes já chorei e entrei em desespero, por não encontrar uma saída, aquela tão falada luz no fim do túnel, mas o tempo passa, tudo se alivia, e muitas vezes, as coisas voltam. E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu? Saiba que tudo é sujeito a retorno, não espere da vida respostas definitivas, você não terá. Não deixe-se levar pelas aparências, dizer isso é repetitivo, mas elas enganam. Não desista fácil, você pode se arrepender. E vai lutando, que fé e força são fatores vitoriosos. Hoje, já não choro nem me desespero, penso com fé: minha-hora-vai-chegar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

You.

- Acordamos com uma lista de desejos e passamos a vida tentando fazer com que eles se realizem. Só porque os queremos não significa que nos farão felizes.

- Do que você precisa para ser feliz?

- Você.

domingo, 17 de outubro de 2010

Cantante.

Sem dúvidas, música é algo que me faz viajar. Sexta-feira, Recife, 15 de outubro de 2010, que show - desculpem a expressão - do caralho! Meus barbudos, velho! Que saudade que estava de ouvi-los assim, ao vivo, a gente sabe o quanto uma música nos é importante nessas horas, quando escutamos e vemos um filme na nossa frente, quando as lembranças passam em cada letra, e quando, sem percebermos, as lágrimas correm no rosto, por um simples refrão. Valeu a pena todo sacrifício pra ver os Hermanos, banda que amo, que faz parte da minha vida, mesmo! Bebi, chorei, cantei, vibrei com os amigos, como se revivessemos momentos, olhos nos olhos. Lembrei, claro, dos amigos que já não estão mais aqui, mas que eu sei que não perderiam, e beberiam, chorariam e cantariam comigo. Raros momentos, quando esquecemos as dores e frustrações da vida, e nos entregamos, uma música, duas, três, deixamos-nos levar ao som, fugimos, ali é outro mundo... é o mundo que queremos. Sou pensativo, tipicamente pisciano... mas um show assim, renova até minhas esperanças, sério. Pra muitos pode não ter nada a ver, mas pra mim tem, e muito. Agora eu vou... que o coração já quer descansar. Pois é.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Memories seep from my veins...

Nessas horas o sofrimento é tanto, que eu penso estar sozinho no mundo. Por mais que eu tenha família e amigos do meu lado, a dor é minha. Ela ninguém pode sentir, ninguém pode sequer imaginar. Me consolam, e sou grato por isso. Mas não há diferença. Continua doendo, doendo muito. Em meio a tudo, ainda tem um monte de mentiras, quando eu pensei que não mais me surpreenderia. Em que mundo você pensa que vive, Roberto?! Longe, longe de mim ser prepotente, mas eu vim pra esse mundo com um teor de bondade muito grande, isso não é correto! Eu quero ser igual aos outros. Quero não me importar, quero não sofrer. Queria não ter um coração, nesse exato momento, queria um remédio que me fizesse dormir por vidas, até eu esquecer essa tristeza. Com quem vou conversar? Só tenho a mim mesmo, as pessoas me escutam, até sofrem, algumas. Mas repito: a dor é minha, esse desespero também é meu. Só me sobraram umas fotos e uma música, elas agora me acompanham, não sei até quando. Eu não consigo, não posso e não quero acreditar. Amanhã será outro dia, amanhã eu vou perceber que isso tudo é um pesadelo, por favor, alguém me diz isso! Amanhã vamos tocar violão, vamos contar um monte de piadas sem graça, e rir, como só nós sabemos fazer. Tá guardando meu lugar? Por favor, não esquece do meu lugar, um dia será minha vez. Essas frases todas, amigo, não servem de nada, não consigo dizer tudo que quero, tudo que sinto, é tanto desespero... tou tremendo e chorando, mas preciso escrever, eu sei que você vai ler, você sempre passava aqui, lembra? Sempre dizia "Booob, tu vai ficar famoso, e eu vou ser o primeiro a comprar um livro teu", e agora? O que eu vou fazer com o primeiro livro? Volta. Volta. Volta...


que saudade, cara.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Diz-me.

Tem certas coisas que chamamos de inesperado, talvez, para justificar a nossa falta de fé. Não sei. É muito complicado acreditar em coisas que não conhecemos, ou coisas que, aos nossos olhos, são impossíveis de se realizar. Mas a vida é tão além, além de mim, além de você, além de todos nós. É mais que tudo que possamos pensar. A vida acaba aqui? Ou vai - assim como seu próprio sentido - além? São tantas perguntas, dá até um nó no juízo. Quisera eu ter algumas respostas, quem sabe não seja esse o sentido da vida, não é? Buscar respostas. E por isso buscamos, buscamos, buscamos... Mas... cá entre nós, acho que não vamos encontrá-las. Pois, se o sentido da vida é procurar respostas, a vida acaba quando as encontramos, certo? Tá, vou parar com questionamentos loucos, tou mais parecendo o meu professor de Filosofia. Hã... parei, parei. Quer dizer, só mais uma, juro! E se acontece o que você pensou que nunca iria acontecer?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Deixar.

Que bobos somos quando queremos retomar o impossível. Ah, eu me sinto o verdadeiro idiota por renovar minhas esperanças, mesmo depois de quedas-quase-morte. Ô, garoto! Quantas vezes você repetiu pra si mesmo ''Eu vou aprender!", hein? Quantas e quantas vezes você disse que seria a ultima vez? Muitas! Mas sabe, eu sempre menti, é. Sempre soube que não era a ultima vez, sempre soube que iria tentar de novo e de novo e de novo, e ter muitas outras quedas-quase-morte. Mas eu me conheço, e quando dizia pra mim mesmo que tinha acabado, que iria aprender, era justamente porque eu sabia que o contrário estava acontecendo, mas eu precisava me convencer. Mas agora algo mudou. Caramba, eu TENHO que pensar em mim. Tem uma frase que diz assim ''Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz"; Sacou? É bem isso. Deixei. Deixei de esperar, deixei de tentar, deixei de achar que poderia ser diferente. Acabou. É muito, muito triste pensar que acabou. Acordar e não ter aqueles planos tão pensados, mas outros virão, sozinho ou acompanhado, muitos outros estão por vir, e é nisso que vou me agarrar. Acabou e não há nada pra ser feito. Nem desfeito. Chorar? Cara, talvez eu chore um pouco, antes de dormir. Mas vou lavar a alma, eu preciso me libertar, a dor persiste, por um tempo. Nada é eterno. Amor adormece, amor até morre, sabia? Vou trancá-lo no fundo do baú, ele precisa dormir e, quem sabe, até faça o favor de morrer.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Às escuras.

Vou confessar: que medo eu tenho de um dia ficar cego. Meu Deus, que horrível deve ser conviver com a escuridão, não é? Não poder ver o rosto das pessoas que se ama, não ver aquele sorriso, tão lindo, tão verdadeiro, nossa, ruim até de pensar. Por isso eu rezo, peço muito pra Deus - mantenha-me com uma visão limpa, Cara - é, o chamo de Cara. Acho que temos essa liberdade, quando contamos e confiamos em alguém, mas isso não é o foco, deixemos de lado. Voltando à visão, você não tem esse medo? Tava até falando com uma amiga, e ela disse assim "Ai, Roberto, também morro de medo de ficar cega, não ver mais tudo, roupas, filmes, novelas, as pessoas nas ruas, caramba, que barra...". Fiquei tão triste na hora, sério, principalmente por ser uma amiga tão querida. Mas disse "Eu tou falando de sorrisos verdadeiros, de rostos sinceros, de amor, menina, tou falando de amor, e também estou falando dessa cegueira sua". Ela ficou surpresa "MINHA CEGUEIRA? Mas eu não sou cega!". Ahh, é o que ela pensa, é o que a maioria das pessoas pensam. Mas eu fui em frente "Você está cega, é dessa cegueira que eu tenho medo, dessa que não deixa a pessoa ver o essencial."; Ela foi irônica: "Já ouviu falar que o essencial é invisível aos olhos?". Não me abalei "Já, e sei que só se vê bem com o coração. Tenho muita sorte de não ser meu coração o cego dessa história."

domingo, 22 de agosto de 2010

Nascer de novo.

É como se o tempo que eu levei pra saber tudo que sei provasse eu não saber nada. Por todo caminho que andei, por cada passo que dei, voltar ao início da estrada. E desfazendo cada defeito, desvendando um jeito, desenhando a saída, que é pra viagem ser só de ida, mas sem haver despedida. Te ter é como nascer de novo, não reconhecer nada ao redor. Desatar o nó, quebrar a casca do ovo, a dura carapaça da dor. Por tudo aquilo que já pequei e cada ato que errei, é como estar perdoada. E livre do que então carreguei, cada cilada que entrei, de cada porta fechada. Viver trilhando o caminho certo é olhar mais de perto o universo em mim, que é pra poder seguir adiante, não me sentir mais distante. Tenha paciência comigo, saiba que ainda estou em ver onde piso, é repentino e sem aviso, a terra perdida à pele, a paixão ardida... Te ter é como nascer de novo, celebra o que em mim é maior, minha nova instância: descobrir a cada instante cada nuance do que é o amor.




(Dani Black, por Bruna Caram)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A contragosto.

Aqui em Recife, Agosto é o mês do vento. Ah, queria eu que meus problemas fossem embora a cada rajada, viu? E como queria que esse mesmo vento abrisse a porta de saída, e assim, eu enxergasse meu futuro. Agosto. Dizem que é o mês do azar, não sei. A verdade é que não gosto muito dele. E conheço muita gente que também não gosta, mas temos que vivê-lo. Querendo ou não, agosto é mês de (re)começo. Talvez por isso as pessoas - assim como eu - não gostem tanto dele. Recomeçar é complicado. Requer muita paciência e tolerância, virtudes que nem sempre encontramos em excesso. Mas bem, agosto chegou, recomecemos! Se não com o amor que as coisas boas merecem, com a disposição que precisamos ter.

domingo, 25 de julho de 2010

Carta para além do muro.

Olha, estou escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa. Hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parece que empurram a gente mais para dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maças eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me trairem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais no de dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes e eles dizem que se eu me mostrar como realmente sou você vai ficar apavorado e nunca mais vai aparecer nem telefonar — eu não agüento mais não me mostrar como sou. Hoje de manhã acordei bem cedo, e depois de conversar com eles consegui permissão para caminhar sozinho no jardim, eu disfarcei muito conversando com eles porque queria muito caminhar sozinho no jardim. Àquela hora ainda não estava chovendo, ou estava, não me lembro, ou havia chovido ontem à noite, não, acho que não estava chovendo não, porque eu lembro que as folhas estavam limpas e molhadas e a terra tinha um cheiro de terra molhada: eu comecei a lembrar, lembrar, lembrar e o meu pensamento parecia um parafuso sem fim, afundando na memória, eu não suportava mais lembrar de tudo o que se perdeu, tudo o que perdi, não fui e não fiz, mas não conseguia parar. Então comecei a gritar no meio do jardim molhado com as duas mãos segurando a cabeça para que não estourasse. Aí eles vieram e disseram que não tinha jeito e que estavam arrependidos de terem me deixado sair sozinho e que aquela era a última vez e que eu disfarçava muito bem mas não conseguiria mais enganá-los. Eu disse que não tinha culpa do meu pensamento disparar daquele jeito, mas acho que eles não acreditaram, eles não acreditam que eu não consigo controlar pensamento. Então me deram uma daquelas injeções e eu afundei num sono pesado e sem saída como este espaço dentro desses quatro muros brancos. Foi depois que acordei, não sei se hoje ou amanhã ou ontem, eu te escrevo dizendo hoje só para tornar as coisas mais fáceis, foi depois que acordei que perguntei se você não tinha vindo nem telefonado, e eles disseram que você não viera nem telefonara. É provável que estivessem mentindo, eles dizem que eu preciso aceitar mais a realidade das coisas, a dureza das coisas, e às vezes penso que tornam de propósito as coisas mais duras do que realmente são, só pra ver se eu reajo, se eu enfrento. Mas não reajo nem enfrento. A cada dia viver me esmaga com mais força. Não sei se eles escondem de mim a sua visita, se não me chamam quando você telefona, se dizem que já fui embora, que já estou curado, não sei se você não vem mesmo e não telefona mais, não sei nada de ninguém que viva atrás daqueles muros brancos, você era a única pessoa lá de fora que entrava aqui dentro de vez em quando. É verdade que eles todos moram lá fora, mas é diferente, eles vivem tanto aqui dentro que não consigo acreditar que sejam iguais aos lá de fora, como você. Você, sim, era completamente lá de fora. Digo era porque faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. Acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. Parei um pouco de escrever, roí as unhas, preciso roer as unhas porque eles não me deixam fumar, reli o começo da carta, mas não consegui entender direito o que eu pretendia dizer, sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial a você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver ou telefonar e, se fosse preciso, trazer a polícia aqui para obrigá-los a deixarem você me ver. Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fica os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que sabtr que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer, preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado.
Parei um pouco de escrever para olhar pela janela e principalmente para ver se eu conseguia deter o parafuso entrando no pensamento. Acho que consegui. Porque quando começo assim não consigo mais parar, e não quero que eles me dêem aquela injeção, não quero ouvir eles dizendo que não tem remédio, que eu não tenho cura, que você não existe. Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. Tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. Vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples: quando você voltar outra vez veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito.



(Caio Fernando Abreu)

domingo, 18 de julho de 2010

Você perdeu.

Noves fora, quase nada. E era de vidro o anel. Meia volta na ciranda, não há estrelas no céu. Não tem saudade nem mágoa, meu amor fala outra língua, de você o que naufraga, de você só o que míngua. Sua graça não me anima, o meu pranto não é seu, já dobrei aquela esquina onde você me perdeu. Foi você quem se perdeu de mim, foi você quem se perdeu. (...) Vou dizer num verso breve, pra por num samba-canção, que hoje a minha vida é leve, sem você no coração. Hoje tenho quem desvele, quem me vista a fantasia, quem escreva em minha pele coisas que eu não lhe diria. Hoje a minha vida rima, e agradeço àquele adeus, que eu vi naquela esquina em que você me perdeu.



(Márcio Valverde e Nélio Rosa)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Possibilidades.





Trabalhamos a vida com alternativas, certo? Com possibilidades. E essas se mostram à cada dia, hoje é uma, amanhã... outra. Tudo depende de como encaramos as situações, de com quem encaramos as situações. Passe o tempo que passar, certas coisas não morrem, isso mesmo depois de tentarmos todas as possibilidades de assassinato, são fortes, não saem de nossas vidas assim, sem o dever cumprido. A verdade é que muitas vezes preferimos achar que algumas coisas morreram em nós, talvez a dor seja menor, não sei. Mas elas apenas dormem. E quando acordam, como lidar? Como conviver com aquilo que achávamos estar morto? Tem quem prefira abandonar a chance de ser feliz, para não sofrer. Contraditório, não é? Depende. Cada um sabe de si, pelo menos é assim na maioria das vezes. O que devemos fazer é aquilo que, analisados os lados da questão, nos deixará de cabeça menos pesada, de consciência mais tranquila, e, se não for uma consciência suficiente para uma ótima noite de sono, que seja uma possibilidade, sempre pode-se buscar uma segunda opção.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ciclo.

Não querer. Antes só. Ohar. Enxergar. Coração. Acelerar. Tremer. Encantamento. Paixão. Amor. Flores. Cartões. Datas. Fatos. Músicas. Risos. Choro. Decepções. Amargura. Rancor. Quarto. Cama. Cobertor. Mais choro. Filmes. Sofá. Solidão. Abraço. Falta. Ausência. Lembranças. Promessas. Raiva. Ódio. Nojo. Indiferença. Recomeçar. Não querer. Antes só. Olhar. Enxergar. Coração. Acelerar. Tremer. Encantamento. Paixão. AMOR.




Acho que você conseguiu entender...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Parei de remar.

Contrariando o grande Caio Fernando Abreu, paro de remar. Remava sozinho, amava e re-amava da mesma forma, unilateral. E se é pra ser assim, paro. Cansei de relacionamentos capengas, que só pendiam pro meu lado. Se o barco tá furado, vai afundar e eu vou morrer de todo jeito, que ao menos eu morra descansado. Porque morrer tentando, quando sabe-se que não vai conseguir, não é ser herói nem digno, é ser burro.

sábado, 15 de maio de 2010

E amanhã, quem fica com o tempo?

E se um dia eu não der o valor devido, perdoa-me, Senhor. Não faço por mal. É que é tão dificil, a gente sempre pensa que tem todo tempo do mundo. Sempre se acha que o amanhã vai aparecer e poderemos consertar as besteiras que fizemos hoje. E também pensamos que sempre vamos ter outra oportunidade de dizer aquilo, aquilo que é tão importante dizer hoje. Se tens um 'eu te amo' pra dizer, diga. Se quer correr, sem direção aparente, corra. Quer ligar para aquele amigo, às 3 da manhã, só pra conversar besteira, ligue. Jamais tema ser feliz. Deus te perdoa, o tempo... esse nunca vai te perdoar.

domingo, 9 de maio de 2010

Em mesóclise.

Identificar-me-ei. Mas será que consigo? Oras, por tantas vezes já tentei. Quem é você, Roberto? Você é mais feliz ou mais triste? Seria o certo... viver numa eterna descoberta? Não sei. E digo, feliz daquele que obtém o autoconhecimento. Plenamente. Claro que sei sobre mim, por que não saber de nada seria um pouco demais, não é? Sei do que gosto. Sei do que não gosto. Mas estou sempre surpreendendo-me, e aos que me cercam também. Para e pensa, assim, na frente dum espelho: quem sou eu? Será que você acha a resposta? Alguns dizem que sim, mas sei lá, talvez esses vejam apenas o que querem ver. Não se enxergam totalmente. É difícil saber de si, acho que por isso muitas pessoas preocupam-se mais com vidas alheias. É. Boa teoria. Costumo falar de momento, do que tou sentindo na hora, é assim que vou me definindo, ou tentando me definir. Agora mesmo, lembro de uma frase que diz assim: "O meu coração é que está cansado, um coração de treze anos não deveria se sentir assim." Pronto. Agora substitua o treze por vinte, a idade é diferente, o sentimento é igual.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Agridoce.

Por que você às vezes se faz de ruim? Tenta me convencer que não mereço viver, que não presto, enfim. Saio em segredo, você nem vai notar. E assim, sem despedida, saio de sua vida tão espetacular. E ao chegar lá fora, direi que fui embora e que o mundo já pode se acabar, pois, tudo mais que existe só faz lembrar que o triste está em todo lugar. E quando acordo cedo de uma noite sem sal, sinto o gosto azedo de uma vida doce, e amarga no final. Saio sem alarde, sei que já vou tarde, não tenho pressa, nada a me esperar. Nenhuma novidade, as ruas da cidade, o mesmo velho mar.


(Pato Fu)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Let it be.

E quando não se sabe mais que rumo tomar, quando tudo te parece indiferente, quando teu pesamento só segue os passos de uma pessoa, mas quando teus passos não seguem mais os dela, você pode se trancar no quarto e chorar até morrer. Ou pode levantar-se, e mesmo com tudo parecendo inerte, seguir. Não vai ser fácil, esteja pronto pra tombar, no início. Uma fraqueza comum aos que ressurgem. Mas os dias felizes voltarão. E você vai re-amar. Confie no que digo, isso é absolutamente inevitável.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Você conhece um Zezinho?

Zezinho era uma rapaz feliz. Bonito, simpático, pra cima mesmo. Daquele tipo que toda garota se apaixona de cara. Ele namorava já tinha uns 3 anos, e estava pensando no casamento. E foi no dia em que faria o pedido, que teve sua grande decepção. Escutou da namorada coisas do tipo: ''Não dá mais'', ''cansei'', mas sem dúvidas, a pior frase de sua vida - ''eu não te amo mais'' -; Zezinho morreu. Melhor dizendo, o Zezinho de antes morreu. Desde então, o que vive é apenas um ser que não se preocupa mais com sentimentos alheios. Que pensa: Oras, fizeram comigo, por que não posso fazer também? Mas imagina só se todo mundo pensasse assim? Eita, que desgraça! Afinal, todo mundo já teve uma decepção, e, se formos descontar em outro, quando haverá fim? Eu era mais proximo do Zezinho, no colégio sempre andávamos juntos. Até conversávamos sobre as garotas das turmas acima das nossas, coisa de jovens garotos mesmo. Mas hoje, desconheço aquele cara legal. E já deve ter acontecido algo assim com você. Irreconhecer pessoas. Eu penso: Meu Deus, não quero ser irreconhecível pra ninguém, não dessa forma. E não quero mesmo. Não acho justo. Não farei ninguém sofrer porque ME fizeram sofrer. O que eles tem a ver com isso? Nada. Mas sabe, ontem eu encontrei o Zezinho, conversamos por longos 3 minutos. É muito triste ver uma amizade de infância se resumir a 3 minutos de conversa no meio da rua. Mais pro final, falei: Ei, cara, deixa disso! Volte a ser quem sempre foi, você não é assim! Não tem que sair machucando todo mundo, dê chance as pessoas, dê chance pra você. Ele me disse: Quem nunca confere o que pode estar além; quem com ferro não fere, será ferido também. E assim, ele virou a esquina, e eu perdi de vista esse cara de agora, porque o meu grande amigo, perdi de vista há muito tempo...

sábado, 17 de abril de 2010

É como uma facada no meio do peito.

Espero que você nunca tenha levado uma facada, espero mesmo, viu? Eu nunca levei. Mas que deve doer, ahh, isso deve, né? Então, mas você já amou? Mas eu digo, amor mesmo, daqueles que faz você perder o rumo, esquecer das horas, sabe? Como dói o verdadeiro amor. Como a gente sofre, é complicado. Estranho é aquele amor que tudo tolera, que tudo concorda. Estranho é o amor que não tem conflito, aliás, não sei o porque de estar chamando isso de amor. Amor não é sim pra tudo, eu acho até que onde há muitos ''sins'', está faltando amor. Amar é não, também. Amar é ir contra, quando necessário. Amar é dizer a verdade, independente de. Quem ama não esconde, quem ama não SE esconde. E é aí que dói o amor. Dói na verdade. Dói de uma forma que às vezes parece que vai matar. Dói no choro, ali, no quarto escuro. Dói quando não queremos saber de mais ninguém, só de uma pessoa. Dói quando você sente que apesar de, tal pessoa faz uma extrema falta. Dói quando você tá longe, e se sente um besta, por não ter dado o valor necessário enquanto ainda estava em tempo. Amar dói, meu caro. E se você nunca, nunca sentiu nada disso que eu joguei por aqui, vai te doer um pouco, mas essa dor não é nada mais que vazio.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Meus sonhos.

Eu te falei de um recanto onde o azul celeste manto fica mais perto do chão? Onde o cristal da corrente reflete o galho pendente do solitário chorão? É lá onde a primavera, enche toda atmosfera de um perfume embriagador. É onde a vida é mais calma e sentimos dentro d'alma a chama ardente do amor. Voltarei pra aquelas terras, onde o sol doirando as serras tem mais luz, tem mais calor... Quero ouvir a cotovia, cantando ao clarear do dia nos arvoredos em flor. Mas tu, formosa querida, que pra mim é a própria vida, terás que me acompanhar. Lá farei o teu reinado, e viverei ao teu lado, pra nunca mais voltar. E nesse lugar distante serei teu fiel amante, teu escravo e teu senhor... Viveremos lá sozinhos, e teremos por vizinhos, jardins cobertos de flor. Se tu aceitas, senhora, e me segues como agora, realizando os sonhos meus, serei ao céu transportado, porque viverei ao lado do meu verdadeiro Deus.


A. de Almeida Toledo

domingo, 4 de abril de 2010

O preço é me fazer acreditar.

Por muito tempo deixei claro aos meus pensamentos: sozinho, eu quero ficar sozinho. Uma tremenda falta de preocupação, você, só você. Não há 'aquela ligação' pra ser feita, antes de dormir. Não há 'aquele bom dia' pra ser dado, ao abrir dos olhos. Não há datas, não há choro, não há fim nem recomeço. Não há carinho, não há companheirismo, não há confidências trocadas nem risos compartilhados. Esquece-se o 'eu amo você', joga-se o 'deixa de ser bobo, amor' numa gaveta. Rasga-se o papel com aquele 'vai ser pra sempre...'; Você deixa de lado qualquer sentimento que possa se tornar uma grande decepção. Você deixa de arriscar, deixa de jogar todas as suas fichas, cala-se. Não vê mais, não escuta mais. Perde todos os sentidos pro amor. Mas que imensa miséria o grande amor, não é? Não, não é. Acorde, fale, veja, escute, sinta. Acredite, há sempre mais pra ser esperado.

terça-feira, 23 de março de 2010

Robotizar.

Eu sou humano DEMAIS. É, assim mesmo, com letra maiúscula. D E M A I S. Tou começando a achar isso um defeito. Sabe, tenho consideração demais, penso demais, sofro demais quando fazem merda comigo. Nossa, desculpando pela palavra, mas é foda! Tipo, sabe quando você pensa mil vezes antes de fazer algo que possa magoar alguém que é especial? E sabe quando a pessoa faz o contrário, como se não fosse nada? Pois é. Mas o pior é que eu não aprendo. Aconteça o que acontecer, tou sempre com medo de ferir o outro. Um medo que é só meu. Um medo que o outro não sente. Ando meio cansado, meio... pra não dizer totalmente. Já tive muitas decepções, não quero outra, não preciso nem mereço. A cada coisa que me acontece, coloco uma ''firme'' decisão na cabeça: vou robotizar! Vou simplesmente deixar pra lá, me fazer de louco, ''não é nada, não é comigo'' ou ''tá tudo bem, tá tudo ótimo''. Mas não consigo. E é uma pena, porque nessa onda, eu que quebro a cara. Caramba, tou ficando esgotado. :/ Tou ficando triste demais, coisa que não sou, nunca fui. Começo a fingir alegria, meu Deus, fingir alegria. Quando, quando que na minha vida eu fiz isso? Sou tão alegre, sempre. Gosto tanto de fazer todo mundo rir, me sinto tão bem com isso. Mas tá sendo difícil. Talvez eu tenha que ser menos humano, ou até não, tenho apenas que deixar de ser humano DEMAIS, é, desativar o caps lock da minha humanidade, ser um humano com minúsculas, coisa normal. Parar de sofrer e de chorar. Robotizar legal. Me fazer de louco, aliás, acho que vou começar agora. Não estou nem aqui.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Vinte contar uma história...

Hoje tou completando 20 anos. Duas décadas! (Óh, sério?!) haha; Bem, não me vejo assim, sabe? Sei lá, o tempo vai passando muito rápido. Me lembro de quando era bem criança, das brincadeiras com os primos na casa da minha vó, da época do colégio, quando achava que tinha grandes problemas. Coisa pouca. Hoje sei, e como sei, os problemas são tão maiores do que aquilo. Só agora eu posso perceber. Acho que já passei por muita coisa, coisas que me fizeram melhorar, ou tentar, pelo menos. Já me apaixonei , já me decepcionei muito. E sempre vou buscando uma força não sei de onde, pra levantar e continuar. Tenhos os melhores pais do mundo! E os amigos também! E o amor mais sincero que alguém pode querer. O amor mais amigo, como diz uma certa música. E hoje, bem, hoje estou sendo feliz. E esperando que siga assim. Vejo a vida de uma forma diferente, agora. Com o passar dos anos você passa a dar mais valor a coisas que, quando criança, eram pouco importantes. Aproveito mais o tempo e a chance de dizer o quanto gosto de alguém, por mais que a pessoa já saiba. Penso no que ando fazendo de errado, e tento mudar. Mas fico orgulhoso do que acho ter feito certo, e procuro melhorar ainda mais. E assim vou indo, hoje bato na porta dos 20, e ele me pede pra entrar, abre um largo sorriso e diz: seja bem-vindo, Roberto. Eu, sorrindo de volta, digo: que seja doce...

domingo, 7 de março de 2010

Mal de Peixes.

O mal de peixes é chorar. Ele sofre como um condenado, acha que porque é 'peixes' tem que chorar, chorar até causar uma inundação, não pode viver fora d'água. Mas não é bem assim, ele não chora pra não morrer no seco, ele chora pra não morrer sufocado, embora muitas vezes guarde tudo que sente pra si. Coisa bem paradoxal. Ele tá triste, mas 'não é nada', ele sofre, mas 'não tem motivo, né?'. Um ser orgulhoso. Erra, mas não gosta muito de dizer que é o errado. Mas cuidado, viu, mero mortal, não erra com ele, não. Quase sempre, ele só te permite errar uma vez. E quase sempre ele só se decepciona uma vez, uma vez com cada pessoa. Ele tem uma facilidade enorme pra perdoar e esquecer, ou pelo menos pra querer que tudo esteja bem. Mas nem sempre é assim que o veem. E pra ele não perdoar, você deve ter feito algo muito, muito doloroso pra ele. Algo que por mais que ele ame, não consegue esquecer. Algo que por mais que ele não queira, vive em sua memória. Ele vai continuar, apesar de. E sabe que ainda vai chorar muito! Mesmo que tente esconder, sabe que ele só consegue viver num mar, mas torce pra que esse mar seja de alegria, não de lágrimas.


Esse mal de peixes é meu.
E ele, sou eu.

sábado, 6 de março de 2010

Um momento.

Um momento. Qualquer lugar, um acontecimento. Qualquer horário, um pressentimento. Um certo olhar, um certo envolvimento, e tudo veio acontecer. Um sorriso. Qualquer lugar, inferno ou paraíso. Qualquer horário e eu só penso nisso. Um certo olhar e eu piso movediço. Eu tudo pude antever. Bem antes de te conhecer, bem antes de você nascer. Nos versos em que escrevi, prevendo, o grande amor que esperei vivendo bem antes de tudo acontecer. Um pouco antes desse amanhecer, naquele instante em que acordei pra ver que eu quero a vida com você. Um lamento. Mesmo lugar, o mesmo apartamento. O mesmo horário e um lento desalento. Um certo olhar e mais um sofrimento, e tudo veio esmorecer. Um sorriso, uma mentira da idade, ou do proscrito. Uma história e eu não acredito! Um certo olhar e eu então repito, que conseguiu me convencer. Tudo depois de te entender, tudo depois de você crescer. Nos versos que reescrevi sorvendo o grande amor que esperei vivendo. Bem antes de tudo emudecer, um pouco antes de você descer. Naquele instante em que acordei pra crer, que sua vida é só você!
Um momento. Qualquer lugar, um arrependimento. Qualquer horário, um lento desalento. .O mesmo olhar, o mesmo envolvimento, e tudo volta a acontecer.



Tou bem, ao som da doce Bruna Caram.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pseudo-depressão.

Pois é, hoje eu li um texto que fala sobre tristeza. E que deixa bem claro a diferença entra essa e a depressão. Fala também do quanto as pessoas se condenam por ficarem tristes, ou condenam quem está. Como se fosse errado, saca? Mas o que há de errado? Oras, tristeza é simplesmente o contrário de alegria. E é obrigado estar sempre alegre? Claro que é sempre o mais recomendável, porém, a tristeza existe. Muitas vezes sem motivos. Outras tantas, com. Agora mesmo, tou meio triste, sim. Chorei um pouco, também. Mas logo passa, não é? Assim é o esperado. E num proximo dia, num proximo sol, sei lá, uma hora melhora. E a vida segue, e a tristeza vai embora, e volta numa proxima oportunidade. Estar triste é diferente de viver triste. Assim como estar alegre não significa ser feliz.


Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.'' (Martha Medeiros)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Um post de longe...

Bom, eu nem vim desejar feliz ano novo, ne? Ninguém leu (como sempre), ainda bem. kkkk. Estou eu aqui, em São Paulo. Viagem de férias, casa do meu primo. Só volto pra minha querida Recife no final do mês. Esperando que fevereiro seja um mês de prosperidade, mas bem, tou sem muita coisa pra dizer. Hoje fui ao Mercado Municipal, foi bem legal. Ao mesmo tempo, quando paro de pensar em qualquer coisa... me vem um aperto no coração, mas logo passa. Ó, vou indo. Só deu vontade de postar, aí, resolvi passar aqui. Beijo pra quem ler.



=]


P.S. Rapidão mesmo! :~